Continuando com as nossas viagens de Trem.
Meado de janeiro de 1971, embarcamos num ferro bus de
Corumbá até Santa Cruz de La Sierra (Bolívia). Isto mesmo, Ferro bus.Um Ônibus
que andava em cima dos trilhos.
Éramos 19 estudantes de Psicologia, coordenados pelo até
então Prof.Israel.
Fomos pesquisar através de testes psicológicos a influência
étnica dos ermanos Bolivianos sobre as
tendências e aptidões artísticas das crianças da nossa querida Corumbá
fronteira com a Bolívia.
Em Santa Cruz, ficamos no Hotel Poça Del Pato. Muito bom,
com piscina e tudo. Aproveitamos para dar um mergulho, pois o clima estava
quente como na nossa cidade.Muito interessante esta cidade, havia uma parte
moderna, onde se localizava o hotel, com
avenidas largas, com lajotas e canteiros
no centro, muito parecida com a nossa cidade.Mas a parte mais antiga parecia
que estávamos num filme de faroeste, as casas todas com varandas e estilo antigo.
Aplicamos os testes nos alunos da faculdade e não tivemos
problemas nenhum.
Chegando a Cochabamba, a cidade nos surpreendeu, toda
estilo européia, com influência holandesa. Ficamos num hotel não tão bom como o
anterior. Já bastante frio poucos apartamentos tinham chuveiro elétrico. Ao
aplicar o teste nos alunos universitários quase todos reclamavam que na escolha
das palavras faltavam as palavras: guerrilha e revolução, o que demonstrou o
estado de espírito da época, pois o país
estava saindo de uma revolução.Nosso colega que era padre, foi preso, pois
suspeitaram dele.O nosso professor teve que ir até a delegacia para explicar o motivo da
nossa excursão para liberá-lo.Fomos até Oruro de ônibus, as paradas eram difíceis,
pois naquela época os sanitários eram escassos nos pontos de paradas , tanto
que uma colega procurou um cantinho e se
assustou, pois saiu de lá uma pessoa
blasfemando. Assistimos aí a Diablada, dança típica do carnaval na
Bolívia.
Ao viajar de Oruro até La Paz, regressamos ao século
dezoito. Os índios viajavam no teto dos
vagões sentados, fumando cachimbos e vendiam uma espécie de cozido num tubo
feito de jornal.
Todo o trem era cheio de flores de perfume muito forte, pois
viajavam em peregrinação para o Lago de
Titicaca festejar o dia da Nossa Senhora de Copacabana.Descendo a serra, lá
embaixo no meio das montanhas encontrava-se
La Paz, como se fosse um presépio toda iluminada.
Fomos para um hotel, o único que encontramos no meio da
noite fria, pois fazia 0 graus, tão fuleiro que todo mundo dormiu com a roupa
do corpo. No dia seguinte o nosso amigo que na época era padre conseguiu
hospedagem num pensionato de freiras e fomos todos para o colégio onde fomos
muito bem recebidos.O administrador do hotel ficou cismado que havíamos roubado
um lençol.
Do colégio podíamos admirar os Andes, com toda a sua beleza
com a neve perpétua. Em La Paz,ao aplicarmos os testes, os estudantes também reclamaram da ausência das palavras: guerrilha e
revolução.
Terminada a nossa missão pegamos um ônibus para Nossa
Senhora de Copacabana. A serra que viajávamos era tão estreita que a sensação
que tínhamos era que íamos despencar a qualquer momento, o motorista estava tão
acostumado que ia numa boa, conversando.
Quando os ônibus se encontravam na estrada, um tinha que
parar junto a montanha para poder dar passagem para o outro de tão estreita a
estrada e ainda por cima de terra sem
proteção nenhuma, cujo precipício não se via o fundo.
Esta serra é denominada Sibéria, pois vive nublada o tempo
todo.Não havia parada para nada, horas e horas de viagem.
Copacabana, lugar mágico, encantador, com uma história
incrível. Ruínas dos Incas e na colina denominada “O Calvário” um santuário ao
ar livre, contendo as estações da crucificação de Cristo, e no topo um altar
onde os Índios faziam as oferendas com incensos.
A pesquisa foi tabulada
e os gráficos confirmaram a contribuição
cultural e artística do povo Boliviano sobre as aptidões das crianças
corumbaenses, esta observamos até o dia de hoje, pois Corumbá é a Capital
Cultural e artística
do Pantanal.
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