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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Viagem à Bolivia


Continuando com as nossas viagens de Trem.

Meado de janeiro de 1971, embarcamos num ferro bus de Corumbá até Santa Cruz de La Sierra (Bolívia). Isto mesmo, Ferro bus.Um Ônibus que andava em cima dos trilhos.

Éramos 19 estudantes de Psicologia, coordenados pelo até então Prof.Israel.

Fomos pesquisar através de testes psicológicos a influência étnica dos ermanos  Bolivianos sobre as tendências e aptidões artísticas das crianças da nossa querida Corumbá fronteira com a Bolívia.

Em Santa Cruz, ficamos no Hotel Poça Del Pato. Muito bom, com piscina e tudo. Aproveitamos para dar um mergulho, pois o clima estava quente como na nossa cidade.Muito interessante esta cidade, havia uma parte moderna, onde se localizava  o hotel, com avenidas largas, com lajotas  e canteiros no centro, muito parecida com a nossa cidade.Mas a parte mais antiga parecia que estávamos num filme de faroeste, as casas todas com varandas  e estilo antigo.

Aplicamos os testes nos alunos da faculdade e não tivemos problemas nenhum.

Chegando  a  Cochabamba, a cidade nos surpreendeu, toda estilo européia, com influência holandesa. Ficamos num hotel não tão bom como o anterior. Já bastante frio poucos apartamentos tinham chuveiro elétrico. Ao aplicar o teste nos alunos universitários quase todos reclamavam que na escolha das palavras faltavam as palavras: guerrilha e revolução, o que demonstrou o estado de espírito da época, pois  o país estava saindo de uma revolução.Nosso colega que era padre, foi preso, pois suspeitaram dele.O nosso professor teve que ir  até a delegacia para explicar o motivo da nossa excursão para liberá-lo.Fomos até Oruro de ônibus, as paradas eram difíceis, pois naquela época os sanitários eram escassos nos pontos de paradas , tanto que uma colega procurou um cantinho  e se assustou, pois saiu de lá uma pessoa  blasfemando. Assistimos aí a Diablada, dança típica do carnaval na Bolívia.

Ao viajar de Oruro até La Paz, regressamos ao século dezoito. Os índios viajavam no teto  dos vagões sentados, fumando cachimbos e vendiam uma espécie de cozido num tubo feito de jornal.

Todo o trem era cheio de flores de perfume muito forte, pois viajavam  em peregrinação para o Lago de Titicaca festejar o dia da Nossa Senhora de Copacabana.Descendo a serra, lá embaixo no meio das montanhas encontrava-se  La Paz, como se fosse um presépio toda iluminada.

Fomos para um hotel, o único que encontramos no meio da noite fria, pois fazia 0 graus, tão fuleiro que todo mundo dormiu com a roupa do corpo. No dia seguinte o nosso amigo que na época era padre conseguiu hospedagem num pensionato de freiras e fomos todos para o colégio onde fomos muito bem recebidos.O administrador do hotel ficou cismado que havíamos roubado um lençol.

Do colégio podíamos admirar os Andes, com toda a sua beleza com a neve perpétua. Em La Paz,ao aplicarmos os testes,  os estudantes também reclamaram  da ausência das palavras: guerrilha e revolução.

Terminada a nossa missão pegamos um ônibus para Nossa Senhora de Copacabana. A serra que viajávamos era tão estreita que a sensação que tínhamos era que íamos despencar a qualquer momento, o motorista estava tão acostumado que ia numa boa, conversando.

Quando os ônibus se encontravam na estrada, um tinha que parar junto a montanha para poder dar passagem para o outro de tão estreita a estrada e ainda por cima de terra  sem proteção nenhuma, cujo precipício não se via o fundo.

Esta serra é denominada Sibéria, pois vive nublada o tempo todo.Não havia parada para nada, horas e horas de viagem.

Copacabana, lugar mágico, encantador, com uma história incrível. Ruínas dos Incas e na colina denominada “O Calvário” um santuário ao ar livre, contendo as estações da crucificação de Cristo, e no topo um altar onde os Índios faziam as oferendas com incensos.

A pesquisa foi  tabulada e os gráficos confirmaram a  contribuição cultural e artística do povo Boliviano sobre as aptidões das crianças corumbaenses, esta observamos até o dia de hoje, pois Corumbá é a Capital Cultural  e artística


do Pantanal.


 

 

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