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quinta-feira, 6 de abril de 2017

1968


   Chega à cidade um Psicólogo, estrutura o curso de Psicologia. Início de 1969,, faço vestibular,o professor aplica testes psicológicos nos vestibulandos, sou chamada para entrevista individual, durante a entrevista ele descreve várias situações as quais me afetavam na época, concluindo que: No estado emocional em que me encontrava não tinha condições de realizar o curso que havia escolhido. ”Psicologia”. Fiquei 15 dias assistindo aulas tanto de Pedagogia como de Psicologia e por fim optei. Resolvi passar por cima do meu estado emocional e fui fazer Psicologia.

   Todos os professores eram ótimos, mas, exatamente aquele professor, psicólogo, o qual me disse: Quero ver você no curso de Pedagogia ou Serviço Social, menos em Psicologia. Esse professor era o que me chamava mais atenção. Identificava-me cada vez mais com tudo o que ensinava e queria cada vez saber mais. Além de nos transmitir o conteúdo curricular da forma tradicional, acadêmica, questionava cada assunto sob o prisma antroposófico, ciência que trata os fatos na sua globalidade, analisa a realidade sob os aspectos físicos, etéricos, anímicos e espirituais. Dá a oportunidade do homem elaborar uma visão única do mundo e de si mesmo. Todas as oportunidades que tinha, ia ao encontro do Mestre, pedindo-lhe cada vez mais esclarecimentos. Qual foi minha surpresa, no final do 2º ano de faculdade, isto é em 1970, recebi dele dois livros de presente: Teosophia de Rudolf Steiner e Método Científico de Goethe. Aproveitei as férias e devorei os livros. Quanto mais eu lia, encontrava respostas às minhas interrogações interiores. Que energias compõem a vida? O que eu sou? Como me posiciono dentro deste contexto mundial? O que existe no Cosmo também pervive em mim? Afinal qual a razão do viver? Do meu viver? As suas aulas colocavam-me em crise, quando principalmente eram tratados assuntos tais como: respeito, amor, altruísmo, dedicação, doação, terapia...

    Logo descobri que todo ato de curar, primeiro a si mesmo e depois os outros, é, um ato de amor. Sofremos e fazemos os outros sofrerem quando nos tornamos egoístas. O egoísmo nos faz cobrar dos outros e do mundo aquilo que não conseguimos entender em nós próprios, daí o provérbio: ”O maior pecado é a ignorância”.

   Durante os três anos que tive aulas com o professor, aprendi a amar o curso e a profissão escolhida, amar as pessoas, o mundo e a mim mesma. Uma dúvida perdurava...

   Nesse encontro com o mestre, custava-me saber se tudo o que ele ensinava era para eu transmitir e conviver com os co-homens ou para participar com ele nesta missão.

   Quando cruzávamos na pequena cidade em que vivíamos, sempre, por coincidência ou não, ele estava sempre descendo uma escada, ou da faculdade, ou da pracinha, ou da escola primária onde trabalhávamos juntos, e, eu subindo. Ele fazia questão de frisar nesses encontros, dizendo: ­_Todas às vezes eu estou descendo e você subindo. Como o Apóstolo João dizia:- É necessário que o mestre desça para que o escolhido suba. Era esse o significado do nosso destino? Ou, éramos duas linhas paralelas que só se encontram no infinito? Essa dúvida torturava minha alma. A nossa alma sofre quando exatamente não temos a imagem definida de nós mesmos, da situação, enfim da vida. É quando a sombra permeia e obnubila a nossa consciência. Mas através da crise, questionamento, dúvidas, esclarecimentos é que nos libertamos das correntes milenares e chegamos ao reconhecimento do próprio Eu.
Extraido do romance:Nosso eterno amor, minha grande batalha-Jane Baruki Ferreira)

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